Quando era criança sempre ouvia os adultos dizerem que os adolescentes eram muito complicados. É unânime. Reclamam de sua rebeldia, da sua mania de achar que é dono do próprio nariz e pode fazer o que quiser, de seus namoricos entre outras coisas. E é engraçado ver como os adultos, que já passaram por essa fase e deveriam nos entender melhor que ninguém, sofrem de uma amnésia conveniente e acham que isso é pouca coisa e "passa".

Me tornar adolescente foi começar a entender as coisas que acontecem ao meu redor, e começar a questionar se é bom, se é certo, se eu quero... Mas muita das vezes o que para nós é bom, certo e nós queremos, foi ensinado como ruim, errado e até proibido por quase toda nossa ainda curta vida. E é aí que começam as crises de identidade.

Aquela dúvida infinita entre o arriscar e viver a vida por si, sabendo que há pessoas que irão sofrer com isso mesmo que suas atitudes não estejam diretamente ligadas à elas, ou passar a vida toda fazendo o que os outros querem para agradar e não decepcionar, mas com aquela maldita dúvida "como teria sido se eu tivesse feito diferente?".

E quem me garante que os adultos estão totalmente certos e os adolescentes totalmente errados? Bom seria se um compreendesse o outro, e juntasse a experiência de quem já viveu com as ideias e novidades de quem está começando a desbravar a vida. Parece algo distante, mas não impossível. A parte difícil é fazer com que as duas partes abaixem o ego do "estou totalmente certo" e parem para ouvir umas as outras.

Sou quem eu quero ser ou o que querem que eu seja? Falta coragem para decidir qual lado seguir, e muitas das vezes nos resta passar o resto da vida em cima do muro frustrado, reclamando e se questionando sobre a vida e coisas que queria fazer mas não fez. Oh wait, eu já faço isso... Estaria eu me tornando adulta?

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